A técnica artesanal de captação da imagem conhecida por pinhole, buraco de alfinete, é marcada por não fazer o uso de lentes. Por meio de um pequeno orifício onde a luz do sol refletida é registrada em papel fotossensível as crianças experimentaram a fotografia como processo de investigação.
Explicar a propagação retilínea da luz no espaço e a fixação invertida da imagem no papel não são tarefas fáceis, por isso consideramos a caixa escura uma ferramenta importante para o entendimento do processo de produção das fotografias, sobretudo no trato com crianças. Deste modo, pensou-se a oficina de pinhole não apenas como algo pragmático, mas reflexivo e desalienante exatamente por desvelar a produção de imagens fotográficas. Tal condição apresenta a fotografia não como finalidade, mas como processo investigativo tanto da técnica quanto das representações do espaço/tempo.
A técnica do pinhole exige da criança uma relação de estranhamento com o meio, isto é, a escolha do objeto a ser fotografado e o tempo de captação da imagem proporciona a criança um estado de reflexão: do ambiente em que está imersa, da sua relação com o tempo, da sua concepção de representação e por fim do seu poder de decisão. O processo de captação da imagem aconteceu em três etapas, todas elas “experienciadas” pelas crianças – sensibilização e construção das caixas escuras, ida a “campo” para escolha e captação da imagem e revelação das fotografias em laboratório.