Práticas, discursos e representações: PCB e cultura política no golpe de 1964

Práticas, discursos e representações: PCB e cultura política no golpe de 1964.

O golpe de 1964 já ensejou a elaboração de inúmeras, teses, livros e artigos científicos. Poucos desses estudos se concentram no papel do Congresso Nacional nas articulações, negociações e manifestações dos dois campos que se opunham – apoiadores e opositores do governo Goulart. Este trabalho se concentra nas posições dos representantes do PCB na Câmara dos Deputados, às vésperas do golpe de 1964. Pretende oferecer uma análise desse importante período da nossa história política, através do exame das estratégias e práticas desses atores sociais empenhados em evitar a deposição do Governo Goulart.

O objetivo é estudar as atitudes, comportamentos e posições dos parlamentares pecebistas que se refugiavam em outras legendas, nos meses que antecederam a queda de João Goulart. Na verdade, trata-se de conhecer as representações sociais dos integrantes do PCB através de suas falas e discursos num momento tão crucial da vida política brasileira e concorrem para o conhecimento de peculiaridades de nossa cultura política.

Para tanto, foram localizados e examinados todos os discursos desse parlamentares pronunciados, no período que antecede o golpe, sobretudo depois do famoso comício da Central do Brasil, em 13 de março de 1964, quando o presidente Goulart discorre longamente sobre as reformas de base, entre as quais a reforma agrária. Também foram entrevistados dois ex-deputados que representavam o PCB nesse período – Fernando Sant´anna e Marco Antonio Coelho, o permitiu cotejar a pretendida a objetividade refletida na obediência aos ditames do partido e as diferenças de atitudes que refletem as subjetividades advindas de vivências distintas.