179.2 Paradoxos do capitalismo e trabalho em call centers

Wednesday, August 1, 2012: 2:40 PM
Faculty of Economics, TBA
Oral Presentation
Cinara ROSENFIELD , Programa de Pós-Graduação em Sociologia - UFRGS, Brazil
O objetivo do estudo é compreender o contexto do trabalho na chamada sociedade da informação e as diferentes formas de trabalho que nela se desenvolvem, em especial o teletrabalho em call centers. Diante de um novo paradigma tecnológico característico da era da informação, trata-se de analisar as diferentes configurações do trabalho. Interessa-nos aqui investigar e analisar o trabalho ligado às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Por um lado, estas tecnologias, por referirem-se a atividades de natureza compreensiva e imaterial, traduziriam uma redução da amplitude da divisão do trabalho entre os que concebem e os que executam, mas, por outro, a realidade do trabalho ligado às TICs mostra-se complexa e ambígua pois há indícios de uma manutenção da divisão, ou mesmo a combinação, entre trabalhos “inteligentes” e trabalhos controlados e repetitivos. O trabalho em call centers parece condensar estas ambigüidades de um trabalho informacional com alto controle, o que o colocaria entre as esperanças do pós-taylorismo e os temores do neo-taylorismo. A Teoria Crítica de Axel Honneth permite-nos pensar a experiência do trabalho no seio daquilo que o autor intitula “paradoxos do capitalismo”. O significado do trabalho em sua dimensão social ganha força ao ser demonstrado que o “novo capitalismo” logra produzir progresso moral, baseado nos legados do Estado Social e do modelo taylorista e fordista de trabalho, e, simultaneamente, produzir o seu contrário ao erodir o alcance emancipador dessas normas e valores. Os paradoxos do capitalismo em rede encontram no trabalho em call centers a produção exemplar desta contradição.